terça-feira, março 17

The end is a new beginning






E em breve noutro desafio , noutra morada, noutro país, talvez, quem sabe, volte a ser feliz.




Note to self: stop writing post titles in English

segunda-feira, março 9

Querido Diário

Há três dias recebi de volta um diário que escrevi aos 8 anos, tem apenas algumas páginas, coloridas e preenchidas a letra de criança mas cheira a papel emprenhado de perfume, exactamente como me lembro dele, igualzinho...
Ficou guardado com alguém que não me vê há décadas (literalmente) , duas para ser correcta, e o guardou até ao dia em que mo pudesse devolver. Ao relê-lo apercebi-me de várias coisas e tirei várias conclusões, entre elas a de que sempre tive um talento inato para a escrita (ou não)...
As crianças são sábias, vêm e sabem tanto mas nunca nunca aprendem a lição. Continuo a fazer e cometer alguns dos mesmos erros que detectei, passo a enumerar:

1) A Confiança: Há exactamente 5 pessoas em que confio plenamente e desde sempre. 5 pessoas que estão e estiveram sempre do meu lado, que me conhecem tão bem que distinguem todos os meus risos, que sabem exactamente quando estou e não estou bem, que sou sarcástica quando estou magoada, que respondo quando não gosto do que me dizem nem do tom que utilizam, que começo tudo de novo quando perco tudo as vezes necessárias desde que nunca os perca a eles. Naquela altura e nesta, merecem todos os dias o meu obrigada.

2) O Drama: Com oito e nove anos, a vida vista por mim nem sempre foi fácil a não ser quando fazia anos... Eterna antecipação das coisas! Era (sou ainda nalgumas situações) uma insatisfeita, excepto no que dizia respeito ao meu primeiro namorado, (o primeiro a sério!) o Bruno!

3) Misto de Realidade e Fantasia: O Bruno pediu-me em namoro quando eu estava à janela do alto do meu ultimo andar e tinha uma cadela chamada mimosa... além do descritivo diário de como ele era lindo e do que trazia vestido, o Bruno era o meu príncipe encantado. (Floreado, floreados... Não há princesas quanto mais príncipes encantados!)

4) Estabilidade: Na verdade, dou-me conta que nunca me familiarizei com o termo. Tudo é volúvel e volátil. Nunca fiquei tempo suficiente nalgum lado para criar raízes, histórias ou sentido de pertença a não ser de forma esporádica. Sei, no entanto, que todos os que conheci ficaram com um bocadinho de mim e eu sou um bocadinho de todos eles. Sei que tudo pode mudar num momento e por isso dou tanto de mim, me magoo tanto e as relações me custam tanto .. Faço tudo para que saia sempre com a sensação de que dei o melhor e fiz (faço) o melhor que pude (que posso)... Ingrata e egoísta dirás tu que não me conheces, mas olha que também sou humilde.

5) Sorte: Tive tudo o que quis, nem sempre mas quase sempre, fui feliz e sou feliz sempre que não existirem termos comparativos com outras felicidades.

6) Escrita: Hoje, como antes, a escrita serve e serve-me como estanque, como fuga e refugio de todos os sentidos. Sinto-me menos só porque escrevo. Entre o antes e depois, estás tu, que me procuras, que me lês e me descobres aos poucos mais um bocadinho.

Não digas que já me conheces, não sei o que as minhas palavras te contarão ainda.